terça-feira, 2 de setembro de 2014

FOLCLORE- Projeto desenvolvido pelos professores da EE "João Ometto", Roberta (PAA), Silza (PAA) e Eliane (Arte)

Com objetivo de resgatar o Folclore na escola, os professores desenvolveram com os alunos atividades variadas sobre todos os temas relacionados.
Foi exposto aos alunos um breve conteúdo do assunto em todas as salas do ensino fundamental, bem como vídeos e rodas de conversas, que discutiam os tipos de trabalhos que poderiam ser apresentados.
Os alunos ficaram empolgados, conseguindo desenvolver brilhantes trabalhos, que foram apresentados como forma de exposição na escola.






















quinta-feira, 5 de junho de 2014

CONTO BIRUTA - 7ª série 03 / 8º ano ( Cônego Manoel Alves)

Biruta
Lygia Fagundes Telles
   Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava com dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para seus bracinhos finos.
   - Biruta, eh, Biruta! - chamou sem se voltar.
O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra completamente caída.
   - Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha - disse Alonso pousando a bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os pratos.
   Biruta sentou-se muito atento, inclinando interrogativamente a cabeça ora para a direita, ora para a esquerda, como se quisesse apreender melhor as palavras do seu dono. A orelha caída ergueu-se um pouco, enquanto a outra empinou, aguda e ereta. Entre elas, formaram-se dois vincos, próprios de uma testa franzida do esforço de meditação.
   - Leduína disse que você entrou no quarto dela - começou o menino num tom brando. - E subiu em cima da cama e focinhou as cobertas e mordeu uma carteirinha de couro que ela deixou lá. A carteira era meio velha e ela não ligou muito. Mas se fosse uma carteira nova, Biruta! Se fosse uma carteira nova! Me diga agora o que é que ia acontecer se ela fosse uma carteira nova!? Leduína te dava uma surra e eu não podia fazer nada, como daquela outra vez que você arrebentou a franja da cortina, lembra? Você se lembra muito bem, sim senhor, não precisa fazer essa cara de inocente!...
   Biruta deitou-se, enfiou o focinho entre as patas e baixou a orelha. Agora, ambas as orelhas estavam no mesmo nível, murchas, as pontas quase tocando o chão. Seu olhar interrogativo parecia perguntar:
   "Mas o que foi que eu fiz, Alonso? Não me lembro de nada..."
   - Lembra sim senhor! E não adianta ficar aí com essa cara de doente, que não acredito, ouviu? Ouviu, Biruta?! - repetiu Alonso lavando furiosamente os pratos. Com um gesto irritado, arregaçou as mangas que já escorregavam sobre os pulsos finos. Sacudiu as mãos cheias de espuma. Tinha as mãos de velho
   - Alonso, anda ligeiro com essa louça! - gritou Leduína, aparecendo por um momento na janela da cozinha. - Já está escurecendo, tenho que sair!
   - Já vou indo - respondeu o menino enquanto removia a água da boca. Voltou-se para o cachorro. E seu rostinho pálido se confrangeu de tristeza. Por que Biruta não se emendava, por que? Por que razão não se esforçava um pouco para ser merlhorzinho? Dona Zulu já andava impaciente. Leduína também. Birtura fez isso, Biruta fez aquilo...
   Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne. Leduína ficou desesperada, vinham visitas para o jantar, precisava encher os pastéis, "Alonso, você não viu onde deixei a carne?" Ele estremeceu. Biruta! Disfarçadamente, foi à garagem no fundo do quintal, onde dormia com o cachorro num velho colchão metido num ângulo de parede. Biruta estava lá deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas, comendo tranquilamente. Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha.
   Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona Zulu que a carne desaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado, "o que é que eu faço, dona Zulu?"
   Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente os cabelos. Ele então tirou a carne de dentro da camisa, ajeitou o papel já todo roto que a envolvia e entrou com a posta na mão
   - Está aqui Leduína.
   - Mas falta um pedaço!
   - Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava com vontade de comer um bife e aproveitei quando você foi na quitanda.
   - Mas por que você escondeu o resto? - perguntou a patroa, aproximando-se
   - Por que fiquei com medo.
   Tinha bem vivo na memória a dor que sentira nas mãos corajosamente abertas para os golpes da escova. Lágrimas saltaram-lhe dos olhos. Os dedos foram ficando roxos, mas ela continuava batendo com aquele mesmo vigor obstinado com que escovara os cabelos, batendo, batendo, como se não pudesse parar mais.
   - Atrevido! Ainda te devolvo pro asilo, seu ladrãzinho!
   Quando ele voltou à garagem, Biruta já estava lá, as duas orelhas caídas, o focinho entre as patas, piscando, piscando os olhinhos ternos. "Biruta, Biruta, apanhei por sua causa, mas não faz mal."
   Biruta então ganiu sentidamente. Lambeu-lhe as lágrimas. Lambeu-lhe as mãos.
   Isso tinha acontecido há duas semanas. E agora Biruta mordera a carteirinha de Leduína. E se fosse a carteira de dona Zulu?
   - Hem, Biruta?! E se fosse a carteira de dona Zulu?
   Já desinteressado, Biruta mascava uma folha seca.
   - Por que você não arrebenta minhas coisas? - prosseguiu o menino elevando a voz. - Você sabe que tem todas as minhas coisas pra morder, não sabe? Pois agora não te dou presente de Natal, está acabado. você vai ver se ganha alguma coisa. Você vai ver!...
   Girou sobre os calcanhares, dando as costas ao cachorro. Resmungou ainda enquanto empilhava a louça na bacia. Em seguida, calou-se, esperando qualquer reação por parte do cachorro. Como a reação tardasse, lançou-lhe um olhar furtivo. Biruta dormia profundamente.
   Alonso então sorriu. Biruta era como uma criança. Por que não entendiam isso? Não fazia nada por mal, queria só brincar... Por que dona Zulu tinha tanta raiva dele? Ele só queria brincar, como as crianças. Por que dona Zulu tinha tanta raiva de crianças?
   Uma expressão desolada amarfanhou o rostinho do menino. "Por que dona Zulu tem que ser assim? O doutor é bom, quer dizer, nunca se importou nem comigo nem com você, é como se a gente não existisse, Leduína tem aquele jeitão dela, mas duas vezes já me protegeu. Só dona Zulu não entende que você é que nem uma criancinha. Ah Biruta, Biruta, cresça logo, pelo amor de Deus! Cresça logo e fique um cachorro sossegado, com bastante pêlo e as duas orelhas de pé! Você vai ficar lindo quando crescer, Biruta, eu sei que vai!"
   - Alonso! - Era a voz de Leduína. - Deixe de falar sozinho e traga logo essa bacia. Já está quase noite, menino.
   - Chega de dormir, seu vagabundo! - disse Alonso espargindo água no focinho do cachorro.
   Biruta abriu os olhos, bocejou com um ganido e levantou-se, estirando as patas dianteiras, num longo espreguiçamento.
   O menino equilibrou penosamente a bacia na cabeça. Biruta segiu-o aos pulos, mordendo-lhe os tornozelos, dependurando-se com os dentes na barra do seu avental.
   - Aproveita, seu bandidinho! - riu-se Alonso. - Aproveita que eu estou com a mão ocupada, aproveita!
   Assim que colocou a bacia na mesa, ele inclinou-se para agarrar o cachorro. Mas Biruta esquivou-se, latindo. O menino vergou o corpo sacudido pelo riso.
   - Aí, Leduína que o Biruta judiou de mim!...
A empregada pôs-se guardar rapidamente a louça. Estendeu-lhe uma caçarola com batatas:
   - Olhaí para o seu jantar. Tem ainda arroz e carne no forno.
   - Mas só eu vou jantar? - surpreendeu-se Alonso ajeitando a caçarola no colo.
   - Hoje é dia de Natal, menino. Eles vão jantar fora, eu também tenho a minha festa. Você vai jantar sozinho.
   Alonso inclinou-se. E espiou apreensivo para debaixo do fogão. Dois olhinhos brilharam no escuro:
   Biruta estava lá. Alonso suspirou. Era bom quando Biruta resolvia se sentar! Melhor ainda quando dormia. Tinha então a certeza de que não estava acontecendo nada. A trégua. Voltou-se para Leduína.
   - O que o seu filho vai ganhar?
   - Um cavalinho - disse a mulher. A voz suavizou. - Quando ele acordar amanhã, vai encontrar o cavalinho dentro do sapato dele. Vivia me atormentado que queria um cavalinho, que queria um cavalinho...
   Alonso pegou uma batata cozida, morna ainda. Fechou-a nas mãos arroxeadas.
   - Lá no asilo, no Natal, apareciam umas moços com uns saquinhos de balas e roupas. Tinha uma que já me conhecia, me dava sempre dois pacotinhos em lugar de um. A madrinha. Um dia, me deu sapato, um casaquinho de malha e uma camisa.
   - Por que ela não ficou com você?
   - Ela disse uma vez que ia me levar, ela disse. Depois, não sei por que ela não apareceu mais...
   Deixou cair na caçarola a batata já fria. E ficou em silêncio, as mãos abertas em torno a vasilha.
Apertou os olos. Deles, irradiou-se para todo o rosto uma expressão dura. Dois anos seguidos esperou por ela. Pois não prometera levá-lo? Não prometera? Nem lhe sabia o nome, não sabia nada a seu respeito, era apenas "a madrinha". Inutilmente a procurava entre as moças que apareciam no fim do ano com os pacotes de presentes. Inutilmente cantava mais alto do que todos no fim da festa, quando então se reunia os meninos na capela. Ah, se ele pudesse ouvi-lo!
                "... O bom Jesus é quem nos traz
                A mensagem de amor e alegria"...
   - Também, é uma responsabilidae tirar crianças pra criar! - disse Leduína desamarrando o avental - Já chega os que a gente tem.
   Alonso baixou o olhar. E de repente sua fisionomia iluminou-se. Puxou o cachorro pelo rabo.
   - Eh Biruta! Está com fome, Biruta? Seu vagabundo! Vagabundo!... Sabe Leduína, Biruta também vai ganhar um presente que está escondido lá debaixo do meu travesseiro. Com aquele dinheiriho que você me deu, lembra. Comprei uma bola de borracha, uma beleza de bola! Agora ele não vai precisar mais morder suas coisas, tem a bolinha só pra isso. Ele não vai mais mexer em nada, sabe, Leduína?
   - Hoje cedo ele não esteve no quarto de dona Zulu? O menino empalideceu.
   - Só se foi na hora que eu fui lavar o automóvel... Por que Leduína? Por que? Que foi que aconteceu?
   Ela hesitou. E encolheu os ombros.
   - Nada. Perguntei à toa.
   A porta abriu-se bruscamente e a patroa apareceu. Alonso encolheu-se um pouco. Sondou a fisionomia da mulher. Mas ela estava sorridente. O menino sorriu também.
   - Ainda não foi pra sua festa, Leduína? - perguntou a moça num tom afável. Abotoava os punhos do vestido de renda. - Pensei que você já tivesse saído... - E antes que a empregada respondesse, ela voltou-se para Alonso: - Então? preparando seu jantarzinho?
   O menino baixou a cabeça. Quando ela lhe falava assim mansamente, ele não sabia o que dizer.
   - O Biruta está limpo, não está? - Prosseguiu a mulher, inclinando-se para fazer uma carícia na cabeça do cochorro. Biruta baixou as orelhas, ganiu dolorido e escondeu-se debaixo do fogão.
   Alonso tentou encobrir-lhe a fuga:
   - Biruta, Biruta! Cachorro mais bobo, deu agora de se esconder... - Voltou-se para a patroa. E sorriu desculpando-se: - Até de mim ele se esconde,
   A mulher pousou a mão no ombro do menino:
   - Vou numa festa onde tem um menininho assim do seu tamanho. Ele adora cachorros. Então me lembrei de levar o Biruta emprestado só por esta noite. O pequeno está doente, vai ficar radiante, o pobrezinho. Você empresta só por hoje, não empresta? O automóvel já está na porta. Ponha ele lá que já estamos de saída.
   O rosto do menino resplandeceu. Mas então era isso?!... Dona Zulu pedindo o Biruta emprestado, precisando do Biruta! abriu a boca para dizer-lhe que sim, que o Biruta estava limpinho e que ficaria contente de emprestá-lo ao menino doente. Mas sem dar-lhe tempo de responder, a mulher saiu apressadamente da cozinha.
   - Viu Biruta? Você vai numa festa! - exclamou. - Numa festa de crianças, com doces, com tudo! Numa festa, seu sem-vergonha! - Repetiu, beijando o focinho do cachorro. - Mas, pelo amor de Deus, tenha juizo, nada de desordens! Se você se comportar, amanhã cedinho te dou uma coisa. Vou te esperar acordado, hem? Tem um presente no seu sapato... - acrescentou num sussurro, com a boca encostada na orelha do cachorro. Apertou-lhe a pata.
   - Te espero acordado, Biru... Mas não demore muito!
   O patrão já estava na direção do carro. Alonso aproximou-se.
   - O Biruta, doutor
   O homem voltou-se ligeiramente. Baixou os olhos.
   - Está bem, está bem. Deixe ele aí atrás.
   Alonso ainda beijou o focinho do cachorro. Em seguida, fez-lhe uma última carícia, colocou-o no assento do automóvel e afastou-se correndo.
   - Biruta vai adorar a festa! - exclamou assim que entrou na cozinha - E lá tem doces, tem crianças, ele não quer outra coisa! - Fez uma pausa. Sentou-se. - Hoje festa em toda parte, não, Leduína?
   A mulher já se preparava para sair.
   - Decerto.
   Alonso pôs-se a mastigar pensativamente.
   - Foi hoje que Nossa Senhora fugiu no burrinho?
   - Não, menino. Foi hoje que Jesus nasceu. Depois então é que aquele rei manda prender os três.
Alonso concentrou-se:
   - Sabe, Leduína, se algum rei malvado quisesse matar o Biruta, eu me escondia com ele no meio do mato e ficava morando lá a vida inteira, só nós dois! Riu-se metendo uma batata na boca. E de repente ficou sério, ouvindo o ruído do carro que já saia. - Dona Zulu estava linda, não?:
   - Estava.
   - E tão boazinha. Você não achou que hoje ela estava boazinha?
   - Estava, estava muito boazinha...
   - Por que você está rindo?
   - Nada - respondeu ela pegando a sacola. Dirigiu-se à porta. Mas antes parecia querer dizer alguma coisa de desagradável e por isso hesitava, contraindo a boca.
   Alonso observou-a. E julgou advinhar o que a preocupava.
   - Sabe, Leduína. Você não precisa dizer pra dona Zulu que ele mordeu sua carteirinha, eu já falei com ele, já surrei ele. Não vai fazer isso nunca, eu prometo que não.
   A mulher voltou-se para o menino. Pela primeira vez, encarou-o. Vacilou ainda um instante. Decidiu-se:
   - Olha aqui. se eles gostam de enganar os outros, eu não gosto, entendeu? Ela mentiu pra você, Biruta não vai mais voltar.
   - Não vai o quê - perguntou Alonso pondo a caçarola em cima da mesa. Engoliu com dificuldade o pedaço de batata que ainda tinha na boca. Levantou-se - Não vai o quê, Leduína?
   - Não vai mais voltar. Hoje cedo ele foi no quarto dela e rasgou um pé de meia que estava no chão. Ela ficou daquele jeito. Mas não te disse nada e agora de tardinha, enquanto você lavava a louça, escutei a conversa dela com o doutor: que não queria mais esse vira-lata, que ele tinha que ir embora hoje mesmo, e mais isso. e mais aquilo... o doutor pediu pra ela esperar, que amanhã dava um jeito, você ia sentir muito, hoje era Natal... Não adiantou. Vão soltar o cachorro bem longe daqui e depois vão pra festa. Amanhã ela vinha dizer que o cachorro fugiu da casa do tal menino. Mas eu não gosto dessa história de enganar os outros, não gosto. É melhor que você fique sabendo desde já, o Biruta não vai mais voltar.
   Alonso fixou na mulher o olhar inexpressivo. Abiu a boca. A voz era um sopro.
   - Não?...
   Ela pertubou-se.
   - Que gente também! - explodiu. Bateu desajeitadamente no ombro do menino. - Não se importe, não, filho. Vai, vai jantar.
   Ele deixou cair os braços ao longo do corpo. E arrastando os pés, num andar de velho, foi saindo para o quintal. Dirigiu-se à garagem. A porta de ferro estava erguida.
A luz fria do luar chegava até aborda do colchão desmantelado.
   Alonso travou os olhos brilhantes num pedaço de osso roído, meio encoberto sob um rasgão do lençol. Ajoelhou-se. Estendeu a mão tateante. Tirou de baixo do travesseio uma bola de borracha.
   - Biruta - chamou baixinho - Biruta... - E desta vez só os lábio se moveram e não saiu som algum.
   Muito tempo ele ficou ali ajoelhado, segurando a bola. Depois apertou-a fortemente contra o coração.
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Fonte: De conto em conto. São Paulo: Ática, 2004

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tipos de Discurso

Discurso  é a prática humana de construir textos, sejam eles escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática social. A análise de um discurso deve, portanto, considerar o contexto em que se encontra, assim como as personagens e as condições de produção do texto.
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. Não necessariamente estes três discursos estão separados, eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá de quem o produziu.

Vejamos cada um deles:

Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da fala e da personalidade das personagens sejam destacados e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as falas das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar, entre outros, servem para que as falas das personagens sejam introduzidas e elas ganhem vida, como em uma peça teatral.
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns durante a reprodução das falas.

Ex.
  • “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...”
  • “- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”

Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala, e reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem.

Ex.
  • “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de Assis)
  • “Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto)

  • Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem.

Ex.
  • “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!”
  • “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado)
  • “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos)

FONTE:
Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Atividades Compreendendo o Hino Nacional.

Questões Avaliativas – Compreendendo o Hino Nacional

1)      Vindo de Santos, D. Pedro I, corajosamente tomou a decisão de declarar a Independência do Brasil, estava as margens plácidas do Rio Ipiranga, o que significa plácidas?

2)      “E o sol da liberdade em raios fúlgidos”. Fulgidos significa brilhantes, a que Duque estrada comparou?

3)      “Se o penhor dessa igualdade”, com essa frase, pode-se dizer:

4)      (...) Já que em nosso céu límpido a cruz de Cristo resplandece, desta cruz desce um raio brilhante que ilumina o Brasil. Ou seja, o Brasil está sob o amparo e a proteção de Cristo. (...), em que parte do Hino Nacional, pode encontrar esta explicação?

5)      Dê o significado de esplêndido, fulgura, florão, garrida, idolatrar.

6)      “ Ó Pátria amada, Idolatrada Salve! Salve!”, explique esse trecho do Hino.

7)      Clava é um pedaço de pau pesado (mais grosso numa ponta que na outra), que era usado como arma. No nosso Hino Nacional, diz “Mas se ergue da justiça a clava forte”, explique.

8)      Os brasileiros adoram tanto seu país que seriam capazes de sacrificar suas próprias vidas para defendê-lo. Em que parte do Hino pode encontrar essa afirmação?

9)      “Terra adorada, entre outras mil, és tu Brasil, ó pátria amada”, podemos afirmar que neste trecho, diz que havia outras mil terras, mas o Brasil é a terra amada e escolhida por nós? Explique.


10Quem escreveu o Hino Nacional?

terça-feira, 8 de abril de 2014

Compreendendo o HINO NACIONAL

1. Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante

As margens plácidas do (rio) Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico. 
Plácido quer dizer calmo. Dom Pedro I vinha de Santos, ao longo do rio Ipiranga, quando tomou a corajosa decisão de declarar a independência do Brasil.
Brado é grito. Retumbante é estrondoso, barulhento, para fazer um contraste com a placidez das margens. 
Poderíamos parafrasear (escrever de outra forma) este verso assim: As margens calmas do rio Ipiranga ouviram o grito estrondoso de um herói (Dom Pedro I), que representava todo o povo brasileiro. 
O riacho Ipiranga nasce junto ao Zoológico de S. Paulo. Era de costume na época inverterem-se as frases à moda latina. 
2. E o sol da liberdade em raios fúlgidos
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Fúlgido significa brilhante.
Mas não dava prá dizer: "raios brilhantes brilhavam" porque iria parecer repetitivo e pobre. O grito de "Independência ou Morte" transformava uma nação colonial, dependente de Portugal, em um novo país autônomo e livre. Duque Estrada compara a liberdade a um sol brilhante que ilumina o céu (Pátria), antes obscurecida pelo colonialismo. 
3. Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Penhor equivale a garantia, segurança. É comum a gente penhorar algo de valor (em troca de dinheiro) e receber um papel que garanta a recuperação daquilo que foi penhorado. O Brasil passou a ser independente e, portanto, conquistou o penhor da igualdade, ou seja, daquele momento em diante, Portugal e Brasil eram nações iguais, sem que uma fosse superior à outra. E a frase continua, dizendo: o nosso peito desafia a própria morte. 

Simplificando: agora que o povo brasileiro conquistou seu passe para a liberdade, através de sua força e coragem, inspirado nesta nova liberdade não hesitará em enfrentar a própria morte (isto é, se tiver de lutar e morrer, o povo não sentirá medo). A frase pode ser reescrita assim: através de nossa coragem conquistamos uma igualdade de condição com quem antes era nosso colonizador e, para manter esta situação de liberdade, estamos prontos a sacrificar a própria vida. 

4. Ó Pátria Amada,
Idolatrada
Salve! salve!

Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral. Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia; "Deus te salve!" 

5. Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece!

Vívido é intenso, ardente, vivo. Formoso é belo. Límpido significa transparente, claro. Resplandecer equivale a brilhar ou luzir intensamente. Aqui o poeta compara o Brasil a um sonho intenso, porque ainda tem muito a realizar. Sabe-se que o Cruzeiro do Sul é uma constelação que aparece no céu do Brasil. Ela tem a forma de cruz, que nos lembra Jesus Cristo e as práticas cristãs. Portanto, vamos refazer os versos para entender o sentido: O Brasil é como um sonho intenso e, já que em nosso céu límpido a cruz de Cristo resplandece, desta cruz desce um raio brilhante que ilumina o Brasil. Ou seja, o Brasil está sob o amparo e a proteção de Cristo. 

6. Gigante pela própria natureza
És belo, és forte impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Se você olhar o mapa mundial, vai notar que o Brasil é o quinto maior país do mundo (depois de Rússia, Canadá, Estados Unidos e China). Com mais de 8.500.000 de Km2, o Brasil é naturalmente gigantesco.
Note que às vezes os poetas têm o costume de falar diretamente com as coisas, como se elas fossem pessoas: "és belo, és forte..."
Impávido significa sem medo: destemido, corajoso. Colosso é uma pessoa ou objeto de tamanho muito grande.
Vamos reescrever a frase: Tu (Brasil), és belo, forte e, graças ao tamanho imenso que a natureza te deu, não tens medo de nada. Além disso, a tua grandeza de hoje vai se revelar no futuro. 

7. Terra adorada, entre outras mil,
És tu Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas inversões:
Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil terras; tu és nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo (de nós, brasileiros). 

8. Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Esplêndido é maravilhoso, deslumbrante. Fulgurar é brilhar, resplandecer. Também pode significar distinguir-se ou sobressair (entre outros). Florão é uma decoração bonita e grande em forma de flor.
A idéia que Duque Estrada quer transmitir é a de que a localização geográfica do Brasil é mesmo muito privilegiada: as montanhas, as matas, os rios, toda a natureza formam a imagem de um berço (porque, além do mais, o Brasil, uma nação que se tornara recentemente independente, era como um imenso país recém-nascido). 
"Ao som do mar", porque temos um litoral vasto com belíssimas praias; "e à luz do céu profundo", isto é, ensolarado, típico dos trópicos. 
O "sol do Novo Mundo" coloca o Brasil mais uma vez como uma nação jovem e promissora. O velho mundo (Europa) conquistou e colonizou o novo mundo (América). 
Vamos reescrever: Brasil, tu possuis uma localização espetacular, com uma natureza rica, muito mar e sol. Por isso, entre outras nações da América (Novo Mundo), tu te destacas como um florão. 

9. Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio, "mais amores".
Garrida é colorida, alegre, vistosa.

Teus risonhos lindos campos têm mais flores do que a terra mais garrida (vistosa). Ou seja, nossa natureza é mais colorida e bela que a de outras terras. 
Nossos bosques têm mais vida (mais beleza e vitalidade). 
Nossa vida, em teu seio (dentro de ti, Brasil), mais amores. 
Equivale a dizer que nós, brasileiros, por vivermos no Brasil, somos mais capazes de amar. 
As aspas são usadas por Duque Estradas no original, pois representam citações dos versos de Gonçalves Dias em "Canção do Exílio":

Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá... 
...Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas varzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
10. "Ó Pátria amada,
Idolatrada
Salve! Salve!

Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral. 
Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia: "Deus te salve!" 

11. Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
Ostentar é mostrar com orgulho.

Um lábaro era um estandarte muito usado pelos romanos e aqui está representado por nossa bandeira, repleta de estrelas. O poeta compara a bandeira a um estandarte e deseja que ele represente o amor eterno. 
O verso está invertido. Deve-se ler: Brasil, o lábaro que ostentas estrelado seja símbolo de amor eterno. 
O poeta está tentando dizer: tomara que as estrelas da tua bandeira sejam símbolo de amor eterno. 

12. E diga ao verde-louro desta flâmula
Paz no futuro e glória no passado.

Flâmula aqui, é sinônimo de bandeira. O louro é uma planta. Com seus galhos e folhas os imperadores romanos eram coroados. Portanto, simboliza poder e glória. Mais uma vez, vamos olhar para a bandeira. Duque Estrada torce para que o louro da bandeira simbolize um poder que venceu batalhas gloriosas no passado, quando isso foi necessário para se conseguir a independência, mas só deseja paz daquele momento em diante, pois o verde, além da esperança, também simboliza a paz. 

13. Mas se ergues da justiça a clava forte
Verás que o filho teu não foge à luta,
Nem teme quem te adora a própria morte.

Clava é um pedaço de pau pesado (mais grosso numa ponta que na outra), que era usado como arma. 
Vimos que, no verso anterior, o poeta sonha com a paz no futuro. 
De repente, entretanto, este novo verso diz: mas se ergues (levantas) a clava forte da justiça, ou seja, se o país tiver de lutar contra a injustiça, verás que um brasileiro (filho teu) não foge à luta (enfrenta a guerra). 
E quem te adora não teme nem a própria morte, quer dizer, os brasileiros adoram tanto o seu país que seriam capazes de sacrificar suas próprias vidas para defendê-lo. 

14. Terra adorada, entre outras mil,
És tu, Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria Amada, Brasil!

Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas inversões: Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil terras; tu és nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo (de nós, brasileiros). 

Fonte: Wayne Tobelem dos Santos

segunda-feira, 17 de março de 2014

7ª série da E.E. "Cônego Manoel Alves" - Segue a conjugação do verbo - Limeira


Indicativo do verbo falar


Presente do Indicativo
eu falo
tu falas
ele fala
nós falamos
vós falais
eles falam
Pretérito Perfeito do Indicativo
eu falei
tu falaste
ele falou
nós falamos
vós falastes
eles falaram
Pretérito Imperfeito do Indicativo
eu falava
tu falavas
ele falava
nós falávamos
vós faláveis
eles falavam
Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo
eu falara
tu falaras
ele falara
nós faláramos
vós faláreis
eles falaram
Futuro do Presente do Indicativo
eu falarei
tu falarás
ele falará
nós falaremos
vós falareis
eles falarão
Futuro do Pretérito do Indicativo
eu falaria
tu falarias
ele falaria
nós falaríamos
vós falaríeis
eles falariam
Mais-que-perfeito Composto do Indicativo
eu tinha falado
tu tinhas falado
ele tinha falado
nós tínhamos falado
vós tínheis falado
eles tinham falado





Subjuntivo do verbo falar

Presente do Subjuntivo
que eu fale
que tu fales
que ele fale
que nós falemos
que vós faleis
que eles falem
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
se eu falasse
se tu falasses
se ele falasse
se nós falássemos
se vós falásseis
se eles falassem
Futuro do Subjuntivo
quando eu falar
quando tu falares
quando ele falar
quando nós falarmos
quando vós falardes
quando eles falarem





Imperativo do verbo falar

Imperativo Afirmativo
--
fala tu
fale ele
falemos nós
falai vós
falem eles
Imperativo Negativo
--
não fales tu
não fale ele
não falemos nós
não faleis vós
não falem eles

quinta-feira, 13 de março de 2014

Vídeo para 6º ano 02 - E. E. "João Ometto" - Iracemápolis

Música: Pequeno Cidadão / Arnaldo Antunes



Pequeno Cidadão - Arnaldo Antunes

Agora pode tomar banho, 
Agora pode sentar pra comer, 
Agora pode escovar os dentes, 
Agora pega o livro, pode ler. 

Agora tem que jogar videogame, 
Agora tem que assistir TV, 
Agora tem que comer chocolate, 
Agora tem que gritar pra valer! 

Agora pode fazer a lição, 
Agora pode arrumar o quarto, 
Agora pega o que jogou no chão, 
Agora pode amarrar o sapato. 

Agora tem que jogar bola dentro de casa, 
Agora tem que bagunçar, 
Agora tem que sujar de lama, 
Agora tem que pular no sofá! 

É sinal de educação, 
Fazer sua obrigação, 
Para ter o seu direito de pequeno cidadão, 

É sinal de educação, 
Fazer sua obrigação, 
Para ter o seu direito de pequeno cidadão.